quarta-feira, 24 de setembro de 2014




                                                         A Bíblia: um alimento diário

A Bíblia Sagrada é o livro no qual está expressa a Palavra de Deus e é do fruto do discernimento da Igreja motivado pela Tradição Apostólica. É fonte de vida e luz para o caminho do cristão. Ela deve está sempre ao alcance de todos, pois nos diversos momentos e situações da vida a Bíblia traz a resposta que homem necessita. Mas, como surgiu a Bíblia? Por que a Igreja Católica considera setembro como mês da Bíblia? Qual a importância de ler a Bíblia? Como ler a Blíblia?


A Bíblia é formada pela história do Povo de Deus que foi capaz de interpretar a sua realidade à luz da presença de Deus. Conforme ensina o Profº. Felipe Aquino em seu artigo titulado “Como foi escrito os primeiros livros da Bíblia?”, a teoria que a Igreja Católica aceita para explicar quando a Bíblia começou a ser escrita é a seguinte: O povo de Israel, desde que Deus chamou Abrão de Ur na Caldéia, foi formando a sua tradição histórica e jurídica. Moisés deve ter sido quem fez a primeira codificação das Leis de Israel, por ordem de Deus, no séc. XIII a.C.. Após Moisés, o bloco de tradições foi enriquecido com novas leis devido às mudanças históricas e sociais de Israel. A partir de Salomão (972 – 932 a.C.), passou a existir na corte dos reis, tanto de Judá quanto da Samaria (reino cismático desde 930 a.C.) um grupo de escritores que zelavam pelas tradições de Israel, eram os escribas e sacerdotes. Do seu trabalho surgiram quatro coleções de narrativas históricas que deram origem ao Pentateuco:


1. Coleção ou código Javista (J), onde predomina o nome Javé. Tem estilo simbolista, dramático e vivo; mostra Deus muito perto do homem. Teve origem no reino de Judá com Salomão (972 – 932 a.C.).

2. O código Eloista (E), predomina o nome Elohim (=Deus). Foi redigido entre 850 e 750 a.C., no reino cismático da Samaria. Não usa tanto o antropomorfismo (representa Deus à semelhança do homem) do código Javista. Quando houve a queda do reino da Samaria, em 722 para os Assírios, o código E foi levado para o reino de Judá, onde ouve a fusão com o código J, dando origem a um código JE.

3. O código (D) Deuteronômio (= repetição da Lei, em grego). Acredita-se que teve origem nos santuários do reino cismático da Samaria (Siquém, Betel, Dã,…) repetindo a lei que se obedecia antes da separação das tribos. Após a queda da Samaria (722) este código deve ter sido levado para o reino de Judá, e tudo indica que tenha ficado guardado no Templo até o reinado de Josias (640 – 609 a.C.), como se vê em 2Rs 22. O código D sofreu modificações e a sua redação final é do século V a.C., quando, então, na íntegra, foi anexado à Torá. No Deuteronômio se observa cinco “deuteronômios” (repetição da lei). A característica forte do Deuteronômio é o estilo forte que lembra as exortações e pregações dos sacerdotes ao povo.

4. O código Sacerdotal (P) – provavelmente os sacerdotes judeus durante o exílio da Babilônia (587 – 537a.C.) tenham redigido as tradições de Israel para animar o povo no exílio. Este código contém dados cronológicos e tabelas genealógicas, ligando o povo do exílio aos Patriarcas, para mostrar-lhes que fora o próprio Deus quem escolheu Israel para ser uma nação sacerdotal (Ex 19,5s). O código P enfatiza o Templo, a Arca, o Tabernáculo, o ritual, a Aliança. Tudo indica que no século V a.C., um sacerdote, talvez Esdras, tenha fundido os códigos JE e P, colocando como apêndice o código D, formando assim o Pentateuco ou a Torá, como a temos hoje. Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo.

Desde o ano de 1971 que os Católicos dedicam o mês de setembro à Bíblia Sagrada. Porém, é desde 1947, que no último domingo de setembro, se comemora o Dia da Bíblia. O motivo da escolha deste mês como o mês da Bíblia é em homenagem ao dia 30 de setembro que é o dia de São Jerônimo. Este Santo, nascido em 340 e falecido em 420 d.C, foi o responsável em traduzir a Bíblia do hebraico e grego para o latim.

“Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”, assim nos ensinou São Jerônimo. Daí a importância do Cristão ler a Bíblia. A Sagrada Escritura é fonte de inspiração para os homens. É Deus revelando os seus desejos e convidando a cada um para segui-lo. Ler e crer na Bíblia significa caminhar junto com Cristo.

A Dei Verbum, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, orienta que: Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarnado, nosso salvador. Todos os livros da Bíblia convergem para Jesus, seja no Antigo ou Novo Testamento. Mas é no Novo Testamento que se encontra os aspectos da vida de Jesus.

Como seguir alguém se não for conhecido? Por isso é necessário ler e estudar todos os livros da Sagrada Escritura, principalmente os Evangelhos. Neste é possível conhecer Jesus, saber seus ensinamentos, levar a mensagem de salvação aos outros e experimentar fé nos mistérios divinos.

No entanto, é necessária a fé de quem lê a Bíblia. É na presença do Espírito Santo que se desenvolve a fé que auxilia e direciona o entendimento indispensável para entender e aceitar o que é revelado por Deus na Sagrada Escritura. Assim, para quem busca uma forma de como ler a Bíblia, no livro “A Bíblia no meu dia-a-dia” escrito pelo Monsenhor Jonas Abib traz dicas de como se aprofundar nos textos bíblicos, segue alguns trechos importantes:

1. Leia a Bíblia todos os dias
Eis a principal regra de ouro por excelência: ler a Bíblia todos os dias. E todos os dias significa todos os dias. Não abra exceções. Leia quando tiver vontade e quando não tiver também! É como remédio: com ou sem vontade, tomamos, porque é necessário. Com a Bíblia é a mesma coisa. E nos tempos em que vivemos, isso é urgente.

Assim como a gente toma banho todos os dias e, quando não podemos fazê-lo de manhã, o corpo fica pedindo por um banho, da mesma forma acontece com a Bíblia. Se você não conseguir ler durante o dia, mesmo que você não aperceba, o seu espírito ficará pedindo um banho da Palavra de Deus. Não deixe de dar ao seu espírito o que você dá ao seu corpo!

2. Tenha uma hora marcada para a Leitura
Para grande parte das pessoas, a melhor hora de ler é de manhã... antes das outras ocupações e do começo do movimento em casa. É um costume maravilhoso. Certamente é o que rende mais. Além disso, a gente tem a vantagem de começar o nosso dia com a Palavra de Deus. Assim, fazemos logo cedo, uma “super-refeição” e começamos o dia com força total.

Há pessoa porém quem tem dificuldades para fazer isso de manhã. Sentem-se pesadas, sonolentas. Parece que a cabeça não funciona. Elas não conseguem se concentrar... Essas pessoas, em geral, rendem mais no período noturno. Apesar do cansaço do dia, à noite sua mente fica desperta, ativa. Não tenha dúvidas, se a boa hora para você é a noite, trabalhe com a Bíblia nas horas noturnas. Fazer isso também tem vantagens: você prolonga o quanto quiser e vai dormir com todo aquele conteúdo na sua mente.

Para muitas mães de família, a melhor hora é pelo meio da tarde, depois de terminar os trabalhos da casa. Nessa hora, elas estão sossegadas, sem barulho, sem movimentação em casa, o que lhes permite trabalhar com a Bíblia.

3. Marque a duração da Leitura

Esta é outra regra de ouro: marque a duração da leitura e seja-lhe fiel. Seja sério consigo mesmo. É preferível dedicar 10 minutos todos os dias do que ser levado pelo entusiasmo inicial e não ir em frente.

Muitas pessoas que, de início, exigiram muito de si mesmas... agora se confessam satisfeitas com o fato de que, depois de muito tempo,se sentiram tal maneira envolvidas e motivadas que hoje a disciplina não é mais uma exigência.

4. Escolha um bom lugar

Ter o cantinho da gente é muito bom. Não é preciso nada de muito especial: o que importa é que tenhamos um lugar tranqüilo, silencioso, que facilite a concentração e favoreça a criação de um clima de oração. É bom todos tomar o nosso cantinho e aí fazer o nosso trabalho com a Bíblia.

Lembre-se, todavia, que o lugar é uma coisa secundária: ele é apenas um meio para a gente trabalhar melhor e com maior resultado. O importante mesmo é a gente, em qualquer lugar, em qualquer situação, realizar com dedicação o nosso trabalho com a Bíblia.

5. Leia com lápis ou caneta na mão

Não se trata de simplesmente ler, mas fazer uma leitura ativa. Um meio simples, mas eficaz, é ler com a caneta ou lápis na mão. Sublinhe as passagens mais importantes, aquilo que lhe chamou mais atenção, o que lhe falou e tocou de maneira especial.

Use sinais significativos para você. Faça anotações. Não tenha medo de riscar sua Bíblia: ela é um instrumento de trabalho. Você vai ficar com a Bíblia bem marcada. Vai ser fácil você se lembrar e encontrar as passagens que procurar. Além disso, vai ser mais fácil concentrar a atenção na leitura, entender a mensagem e gravar na mente e no coração.

6. Faça tudo em espírito de oração

Você não está apenas lendo a Bíblia, você está buscando um encontro com a Palavra de Deus. Você está à procura de um contato íntimo com a Palavra Viva do Deus, que lhe fala profundamente. É um contato de pessoas; trata-se de um diálogo: você escuta, você acolhe, você se toca, se sensibiliza, você responde. É um encontro vivo entre pessoas vivas, um encontro de pessoas que se amam.

Portanto, a leitura da Bíblia deve ser o nosso alimento diário. O importante é escolher o momento do dia que nos permita degustar da Palavra com paciência e tranqüilidade. Aos poucos, o hábito da leitura diária da Sagrada Escritura vai se desenvolvendo, por isso não é prudente ficar ansioso e querer degustar tudo de uma só vez. É estratégico dedicar, inicialmente, um curto espaço de tempo para a duração da leitura, porém quando o gosto pela leitura for aumentando também aumentará a necessidade de dedicar um tempo maior para ler as escrituras sagradas. Se não for possível fazer a leitura da Bíblia na hora marcada ou no cantinho escolhido deve-se fazer a leitura em qualquer lugar. O que não pode é deixar de alimentar o nosso espírito com a Palavra de Deus. A nossa Bíblia pode ser marcada, sublinhada ou sinalizada da melhor forma que nos ajude a estudá-la. Grifar os trechos que mais nos chamou atenção é essencial para o aprendizado. E é imprescindível a leitura em ritmo de oração, pois Deus quer nos falar algo bem concreto e pessoal, e nós devemos estar bem atentos para escutá-lo.




FONTES:
http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2014/09/01/voce-sabe-como-a-biblia-foi-escrita/
http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/por-que-ler-a-biblia/
Mons. Jonas Abib. A Bíblia no meu dia-a-dia

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