Contamos com a presença do nosso Pároco como mediador do dia, refletirmos sobre o tema:Cristo, Alfa e Ômega do tempo.
Dentre as expressões do Livro do Apocalipse que se difundiram por toda a Igreja, há uma que é encontrada com freqüência na arte-sacra, na iconografia em geral, são as letras gregas “alfa” e “ômega”, Α Ω (alpha e omega maiúsculas), α ω (alpha e omega minúsculas). Tais letras, por serem a primeira e a última letra do alfabeto grego, passaram a ter o significado de “primeiro e último”, “princípio e fim”. A elas poderiam ser associadas as letras A e Z do alfabeto latino.
Logo no início do Livro do Apocalipse encontramos uma narrativa sobre Jesus em sua obra redentora, vindo sobre as nuvens (cf. Mt 24,30), a qual é encerrada com a frase “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso.” (Apo 1,8). Mais adiante encontramos a citação “Eu Sou o Primeiro e o Último, o Que Vive; estive morto, eis que agora estou vivo pelos séculos dos séculos (Apo 1,17-18). No final desse livro encontraremos ainda, “Eu Sou o Alfa e o Ômega, Primeiro e o Último, o começo e o fim” (Apo 22,13). Tais citações apresentam um elemento importante sobre a Pessoa de Jesus, uma vez que tal expressão Α Ω no Livro do Apocalipse está relacionada a Isaías 44,6 na qual lê-se,“ Eu Sou o primeiro, Eu Sou o último, e fora de Mim não há Deus”, ora essa citação do Livro Isaias é uma profissão de fé na transcendência do Deus que se revelara aos Patriarcas da Antiga Aliança, como também o reconhecimento da não existência das divindades pagãs.
O texto de Apocalipse 1,8 apresenta a Jesus Cristo com os mesmos atributos de Yahvéh (cf. Is 44,6), mostrando assim aos leitores da Igreja Primitiva que, Jesus de Nazaré, o Messias, partilha da mesma natureza divina de seu eterno Pai. No texto encontramos as expressões…
“Eu sou”, relaciona-se ao Nome Divino revelado a Moisés (cf. Ex 3, 13), assumido por Jesus em suas pregações (cf. Jo 6,35);
“o Alfa e o Ômega”, que se referem ao texto de Isaías 44,6, estando relacionados com a concepção de “princípio e fim”, ou seja o cosmo teve um princípio com o Pai através do Verbo, pela ação do Espírito (cf. Jo 1, 1-3), e ao fim tudo convergirá ao Senhorio de Cristo, autor da nova Criação (cf. Apo 21,5), o qual na comunhão do Espírito se doa todo ao Pai.
“diz o Senhor Deus”, a qual é uma fórmula oracular (cf. Is 50), que evidencia o caráter divino das palavras de Cristo;
“Aquele que é, que era e que vem”, expressão relacionada a revelação do Sinai a Moisés (cf. Ex 3,13);
“o Todo-poderoso”, (Shaddai – Pantocrator) um dos nomes divinos mais antigos (cf. Gn 17,1).
Deste modo, já no começo do Livro do Apocalipse o autor sagrado deixa evidente que junto à humanidade de Jesus coexiste uma natureza divina, a qual é consubstancial à natureza divina do Pai. É o que professamos quando rezamos o Credo Niceno-constantinopolitano : “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso… Creio em um só Senhor (Kyrios – Adonai), Jesus Cristo… nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro… consubstancial ao Pai…”
Sendo Jesus Cristo, o Verbo encarnado, a segunda Pessoa divina da SSma. Trindade, existindo antes dos séculos, ou seja, antes da Criação do mundo, e tendo participado da mesma (cf. Col 1,12-20) – pois as pessoas divinas da Ssma. Trindade se interagem constantemente (pericorese), participa com o Pai do início de tudo, por isso ele é reconhecido como “Alfa”. Mas também junto ao Pai existe para todo o sempre e sendo o ponto de recapitulação de todo o cosmo (cf. Ef 1, 10), assim ele também é chamado de Ômega, pois tudo se voltará para o Filho, o qual esta todo voltado para o Pai, na unidade do Espírito.
Desta maneira, o símbolo bíblico Α Ω (alpha e omega), expressa o caráter divino da Pessoa Jesus, profissão de fé esta que é realçada pelo uso de outros termos que demonstram a relação de Jesus como Filho consubstancial do Pai eterno.
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